terça-feira, 18 de maio de 2010

Wall-e



Em tempos de Aquecimento Global é comum a reflexão sobre nosso estilo de vida, nossas atitudes e no que elas interferem no meio ambiente. O consumismo exagerado do mundo moderno aumenta a produção de lixo que, por falta de conscientização das pessoas (ou de um programa de reciclagem eficiente), continuam poluindo nosso planeta. Pense bem: O computador que você tem hoje, amanhã será substituído por outro menor e mais avançado. O celular que hoje você leva no bolso, amanhã já estará ultrapassado. Essa incrível velocidade de produção e avanço tecnológico cria na mente das pessoas a necessidade de se desfazer de quase tudo muito facilmente, e com isso o lixo vai aumentando.
Wall-e, o nono longa-metragem da Pixar, dirigido por Andrew Stanton (Procurando Nemo), joga na cara do público essa realidade de forma brilhante como só a Pixar sabe fazer. O estúdio, aliás, consagra-se como o mais criativo e autoral da animação em Hollywood, criando personagens com coração e emoções únicas.
Logo no início somos apresentados a um planeta Terra diferente, mas ainda assim muito familiar. Com a atmosfera cheia de poeira e lixo espacial, a Terra surge amarelada como uma enorme bola de sujeira no espaço. Montanhas de lixo e enormes arranha-céus de entulho completam a paisagem.
Toda essa desolação tem uma justificativa: O homem produziu tanto lixo que o planeta tornou-se inabitável. A solução para salvar a população mundial foi embarcar todo mundo em uma grande nave espacial chamada Axiom. Um verdadeiro cruzeiro que fica vagando no espaço aguardando a possibilidade de um dia retornar à Terra. Nesse ponto o filme faz uma crítica às grandes corporações que só pensam em produzir e vender cada vez mais, não se preocupando com políticas sociais de proteção ao meio ambiente. O logo da fictícia BnL aparece quase o tempo todo durante a projeção, desde um posto de gasolina abandonado até na própria nave Axiom.
Wall-e é o único “sobrevivente” de uma frota de robozinhos criada pela BnL para organizar e limpar o lixo do planeta. Sua única companheira é uma baratinha que o acompanha todos os dias pelas ruas empoeiradas onde ele compacta o lixo, empilha os blocos e sonha com um mundo diferente. Sozinho no meio do caos, Wall-e coleciona objetos variados como uma tampa de lata de lixo e um isqueiro, encontrando inspiração no vídeo Put On Your Sunday Clothes de Alô, Dolly (1969) que ele assiste em uma cópia antiga de VHS. Para Wall-e, o vídeo é o mais próximo que ele consegue se sentir de uma vida feliz de verdade.
O olhar triste do robô ganha nova esperança quando uma nave misteriosa traz à Terra a robozinho EVA. Totalmente digital e enviada para uma missão especial, EVA vai se deixando conquistar aos poucos por Wall-e, com seu jeito desastrado e romântico. O primeiro “diálogo” dos robôs chama a atenção por transmitir o essencial sem o uso de narrativa em off ou de qualquer outra explicação, apenas com ruídos, movimentos e olhares. A primeira parte do filme, aliás, é toda sem diálogo algum, mas consegue com sucesso passar a mensagem e as emoções de Wall-e graças à habilidade da Pixar em criar personagens tridimensionais.
Ao ingressarmos na nave Axiom na companhia de Wall-e e EVA somos apresentados a humanos obesos, incapazes de andar que se movimentam sempre guiados por poltronas automáticas e trocam de roupa sempre com a ajuda de um botão. É a terrível visão do futuro de uma sociedade sedentária, acomodada e acostumada com tudo rápido e à seu alcance. A partir desse ponto Wall-e faz novos amigos e o filme ganha um ritmo mais acelerado que vai agradar principalmente as crianças.
A mistura de ficção científica, com grandes referências a clássicos do cinema como “2001: Uma Odisséia no Espaço” e “Blade Runner”, mesclada ao clássico conto da Disney “A Dama e o Vagabundo” tornam o filme uma obra prima de mensagem universal. Com esse roteiro inteligente, Wall-e não é só uma ótima diversão para crianças, jovens e adultos; Uma obra prima do cinema de animação ou ainda o melhor filme da Pixar. É também uma lição de casa que deve ser aprendida por todos nós.

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